E-book do Projeto ALMA reúne artistas e intelectuais da África, Brasil e Portugal em torno da antropofagia - Gilberto Gil, Luiz Ruffato e João Melo estão entre os autores

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O ebook Alma – Antropofagia, literatura, modernismo e audiovisual, reúne entrevistas, artigos acadêmicos de artistas e intelectuais do Brasil, África e Europa. Pensadores de diferentes países de língua portuguesa, discutem na publicação as relações culturais em torno do cinema, música e literatura. O livro foi organizado entre 2022 e 2025 e reúne um conjunto de 14 textos entre ensaios e entrevistas. O ensaio que dá início à primeira parte do livro, Antropofagia & Tropicália, foi escrito por Gilberto Gil por ocasião de uma conferência realizada na Academia Brasileira de Letras, em abril de 2022, dentro do ciclo “Brasil Moderno”. O grande compositor popular, músico, ex Ministro da Cultura do Brasil, percorre os anos de sua formação na Bahia natal, com referências da música, poesia, artes plásticas que deram régua e compasso para o desenvolvimento do movimento tropicalista, liderado por ele e Caetano Veloso.

O projeto de pesquisa ALMA é resultado de uma parceria institucional entre a Universidade Federal de São Carlos; a Universidade do Algarve a Universidade Estadual de Minas Gerais e o Polo Audiovisual da Zona da Mata -MG, um arranjo produtivo local em torno do cinema e da educação midiática sediado em Cataguases-MG. O livro é organizado pelos professores Daniel Laks, Pedro Varoni e Vanice Sargentini, do Departamento de Letras da UFSCar, e Jorge Carrega do CIAC- Centro e Investigação e cultura da Universidade do Algarve.

A produção editorial sinaliza reflexões originárias de um ciclo de seis conferências ocorridas de forma on line entre março e novembro de 2022 com artistas e pensadores dos territórios contemplados no projeto. O escritor angolano, João Melo fez a conferência de abertura, Antropofagia para além da Brasilidade, na sequência, o escritor brasileiro Luiz Rufatto e o cineasta português, José Barahona, conversaram sobre a adaptação cinematográfica do romance de Rufatto, Estive em Lisboa e Lembrei de Você. As demais mesas de debate reuniram Ana Soares e Isabel Nogueira para tratar do tema O moderno em Ernesto de Souza. A cineasta mineira Elza Cataldo e o ator e documentarista português, Miguel Pinheiro, falaram sobre o filme dirigido por Elza, As Òrfãs da Rainha. Miriam Tavares, Patrícia Dourado, investigadoras do CIAC/Universidade do Algarve Algarve exploraram, em conjunto com o cineasta brasileiro, Leonardo Moura Matteus, o tema da autoficção em sua obra. O documentarista e pesquisador da Universidade Estadual de Minas Gerais Charles Bicalho explorou a produção que fez em conjunto com Isael Maxacali, intitulada O dilúvio Maxacali. Ele estava acompanhado de Cláudio Santos Rodrigues, também professor da Universidade Estadual de Minas Gerais. As lives estão disponíveis no site do projeto https://www.cech.ufscar.br/alma/conferencias. Todas os encontros foram retextualizados para a publicação no ebook, com a ajuda de alunos de graduação em Linguística e da Pós-graduação em Linguística da UFSCar. A capa foi feita por Andrezza Jaquier.

Outros intelectuais e artistas foram convidados a colaborarem com o ebook. Além do artigo de Gilberto Gil sobre antropofagia e tropicalismo, outros textos compõem o livro. O jornalista, crítico e poeta, Ronaldo Werneck, em ensaio nomeado Cataguases modernista, conduz-nos à sua cidade natal, situada em Minas Gerais – onde surge o cinema pioneiro de Humberto Mauro e a revista literária Verde, em 1927. O texto que fecha a primeira parte do livro é escrito por Ruy Sardinha, professor da USP, em São Carlos e denomina-se deglutindo modernidades: Oswald de Andrade e a reabilitação do gosto.

O artigo Comer o entorno, mastigar o artifício: Relatos (Implicados) sobre uma ficção viva, de Mirian Tavares e Patrícia Dourado, retoma o espaço da cozinha como local de potência, onde as conversas podem ser brandas e com cheiro, para pensar um modo de fazer acadê mico/erudito que procura implicar-se.

A singularidade do modernismo em Cataguases, cidade da zona da mata de Minas Gerais, é retomada, em artigo dos pesquisadores Andrea Vicente Toledo Abreu e Cláudio Santos Rodrigues, A revista é verde, o cinema é cachoeira e Cataguases é antropofágica. Em A contribuição do movimento modernista para a divulgação do romanceiro no Brasil, Bruno de Carvalho Belmonte traça uma reflexão sobre o modernismo paulista, principalmente em torno da figura de Mário de Andrade, como investimento em uma redescoberta do Brasil.

Na sequência, no artigo Intolerância linguística entre “o bom negro e o bom branco da nação brasileira, Jocenilson Ribeiro propõe-se a refletir sobre o imaginário de norma culta do português contra outras variedades e usos da língua portuguesa falada no Brasil que está na base do discurso da intolerância linguística, no caso compreendida pelo autor como uma forma de glotofobia indígena. A investigadora Sara Vitorino Fernandez, em Carlos Porfírio – futurista, cineasta, dinamizador cultural… e tudo! recupera a figura de Carlos Porfírio, importante impulsionador de uma elite cultural e artística do Algarve no cenário modernista dos inícios do século XX em Portugal.

A perspectiva adotada no ebook trabalhou um duplo movimento: pensar no tempo histórico o lugar da literatura, a música e o audiovisual e como essas manifestações do campo artístico refletiram relações mais profundas entre os dois países. A antropofagia, como mediação cultural, mistura de linguagens e temporalidades. O ebook está disponível para download no seguinte endereço: https://www.cech.ufscar.br/alma/ebook/alma-e-bookfinal.pdf

 

Outras informações: pedrovaroni@ufscar.br